sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Enquanto isso, numa sala qualquer em Copenhague...


[...] com a natureza estão acabando, a cada dia que passa. E esse papo de caô-caô seu doutor, me da um nó na garganta [...] Bezerra da Silva cantou.



Há duas semanas os líderes das potências mais poluidoras, ou econômicas, se reuniram com o intuito de analisarem os efeitos provocados pelo aquecimento global, bem como arquitetar um plano vinculativo de contenção à remessa de massa tóxica no meio ambiente.
Os olhos, e os pulmões, do mundo se voltaram esperançosos. Contudo, face à irredutibilidade dos planos econômicos e da mentalidade obtusa de seus gestores, a 15º Conferência sobre Mudança Climática não passou de um grande e desastroso fiasco.
Estados Unidos da América, um colosso em poluição, propôs uma redução de 15 a 17% até 2020. Obama, francamente, o senhor é um fanfarrão. Rússia firmou em reduzir sua emanação de poluentes, desde que acompanhado pelos demais países – contava Ela que os demais entes não reduziriam tão significativamente. Fácil se jogar assim quando o resultado é obvio! Coréia do Norte se decepcionou, Brasil logo na primeira rodada da Copa do Mundo!
Entre discussões e impasses o que restou foi a certeza da falta de comprometimento dos países ricos em razão ambiental, há um desleixo crônico com o equilíbrio e a proteção do ambiente. Algum tempo atrás, não me recordo onde, li que para suprir esse desenfreado molde consumista e poluente do “mundo ocidental” eram necessários dois planetas terra e um trecho, por mais óbvio que parecesse, me deixou pensativo: A terra pede socorro, contudo é a humanidade que se salvará.
A inexistência de um tratado sólido, vinculativo e viável (ambientalmente) acentua à intensificação da fome em algumas regiões da África, o consequente deslocamento dessa população aos países centrais e, como resultado, o aumento da pobreza no mundo. Uma lógica elementar e cruel.
Será que a humanidade não aprende?!
As calotas de gelo derretem, os níveis do mar sobem e, avisando aos navegantes: cada dia esse processo cristaliza sua irreversibilidade.
Enquanto Deus prometeu não mais acabar o mundo em água. Alguns homens em Copenhague, pouco se importam.
Bruno Maia

CACIMBINHAS

Inspirada pela Mandinha, resolvi falar também sobre uma cidade, mas não é uma cidade qualquer, é A MINHA CIDADE, cidade na qual eu cresci, na qual não faltam bancos nas praças e calçadas, muito pelo contrário as pessoas são convidadas sempre a sentar no fim da tarde pra colocar os assuntos em dia e pra aliviar um pouco do calor insuportável do sertão.

Na minha cidade os vizinhos se conhecem e se interessam uns pela vida dos outros, não consigo contar as vezes em que ao invés de minha mãe, quem me recebeu em casa foi a comadre Rosário, vizinha mais antiga e também mais solicita, companheira de orações de minha mãe.

Cacimbinhas tem problemas assustadores,como a falta de água, é uma cidade pacata, sem grandes industrias, sem shopping Center, sem cinema, posso garantir que 70 % da população nunca entrou em uma sala de cinema, sem boas escolas (e aqui não desmereço o Liceu Cacimbinhense, colégio no qual aprendi as primeiras lições), enfim, sem muitos atrativos.

No entanto, meus olhos brilham e meu coração dispara quando sei, que como hoje, amanhã dormirei em minha cidade, falei da ausência de atrativos de Cacimbinhas, fica então o questionamentoa respeito do que nessa pequena cidade me atrai tanto.

Cacimbinhas me permite dormir e acordar sem medo da violência, porque lá essa praga ainda não se tornou epidemia, me permite viver a vida de uma maneira muito mais devagar, com tempo pra conversar, pra sonhar (e ter certeza que esses sonhos se realizarão).

O principal atrativo de minha cidade encontra-se dentro de uma pequena casa, na qual fui criada e que guarda a minha identidade e ,mais ainda, abriga as pessoas que mais eu amo e que mais me amam nesse mundo, minha família.

Lá tenho a melhor mãe do mundo, tenho minha irmã, minha avó e meus tios, e claro, sem esquecer minhas primas e meus afilhados, além de minhas amigas de infância, são essas pessoas que me fazem exultar de alegria, quando chega o momento do ano em que posso passar curtos, breves e renovadores quinze dias em casa, no lugar onde eu me sinto mais e o lugar onde a vida é mais fácil de ser vivida porque tenho com quem dividir o peso da caminhada.

Do mais, um Natal repleto de muito amor que é conseqüência da vinda do maior homem do mundo: Jesus Cristo e pra meus amigos que escrevem neste blog comigo, desejo um Ano Novo perfeito e abençoado.

Dayse Amorim

O que é Deus pra você?


Agora me diz, o que é Deus pra você?

a) Um ser fantasioso e inexistente, propositalmente criado em virtude da inerente fragilidade do ser humano.

b) Um ser onipresente, onisciente e onipotente, que realiza todos os seus desejos - por mais absurdos que sejam - desde que você tenha um pouco de paciência e, é claro, peça com muito carinho.

c) Um ser, uma luz, uma força inexplicavelmente presente na vida de quem tem FÉ (e também de quem não a tem, por que não?), independente de qualquer religião ou crença, e que, ao contrário do que demonstra o quadrinho acima, ao invés de realizar prontamente os seus desejos, oferece todas as oportunidades para que você supere suas angústias, conquiste os seus sonhos, e conviva bem com as mais variadas pessoas.

...

Cada um tem o direito e o livre arbítrio de acreditar no que bem entende, não é mesmo? Deus, para mim, é algo que não se pode definir assim tão fácil. Mas como eu já ousei arriscar alguns palpites acima, fico sem sombra de dúvidas com a letra "c" (nada mais previsível).

Entretanto, não tenho o menor intuito de suscitar debates sobre o assunto, tampouco de esgotá-lo (o que seria impossível) numa postagem de blog.

A propósito, estou longe de me enquadrar no estereótipo de “cristã perfeita” ou “católica praticante”, ou inclusive “ aquela que sempre segue os ensinamentos de Deus”. Confesso até que minhas imperfeições acusam-me diariamente de ser “uma humana comum” (se é que esse tipo de conceituação existe).

Fica apenas uma breve reflexão: pensar em Deus, a meu ver, é uma oportunidade para filosofar; é uma chance de fazer-me questionamentos, perguntar-me sobre o real desígnio da minha existência, quem realmente sou, quem pretendo ser, como ando me comportando com as outras pessoas e o que posso fazer para contribuir, dentro das minhas medidas, com o andar dessa carruagem. Mesmo que esses pensamentos não me levem a lugar algum, mesmo que no outro dia pela manhã eu cometa o mesmo equívoco, pensar nisso tudo já é um bom começo.

Para os céticos isso tudo pode parecer bobagem, ou coisa de quem não tem o que fazer, mas cada um tem o direito e o livre arbítrio de acreditar no que bem entende, não é mesmo?

Amanda Gabriela

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Céu de Brasília


Mês passado eu tive a grande oportunidade e o imenso prazer de conhecer Brasília, em virtude do estágio-visita de curta duração à câmara dos deputados. Nunca ouviu falar? Veja aqui.

Confesso que sou até fácil de me deslumbrar com lugares e pessoas, mas não é por pouca coisa que passei a admirar esse lugar. Antes dos elogios, vamos às críticas.

É preciso que saibam, de logo, que, como uma cidade, não há nada de tão excepcional assim por lá. Brasília é nua, vazia de gente, desprovida de calor humano e alegria cotidiana (não que o cotidiano seja sempre a mais pura alegria em todas as cidades do mundo, mas enfim...). É duro. Meu irmão a definiu como "uma eterna BR" - e contou com a concordância unânime do grupo. Olhando assim, pela primeira vez, parece ser mesmo uma imensa repartição pública, uma chatice de concreto e monumentos. Tudo lá é tão estrategicamente planejado, dividido e organizado, que pessoas como eu - nada metódicas - sentem-se, a princípio, perdidas e entediadas.

Mas de fato, viajar com um grupo tão bom (de pessoas com a mesma faixa etária) é sempre tão divertido e empolgante, que todos esses detalhes poderiam ter me passado completamente despercebidos, não fosse minha ferrenha determinação em observar cada detalhe, cada comportamento, cada tracinho da famosa capital do meu país.

Observei, por exemplo, que as instituições, repartições, ministérios e afins não têm cadeiras. Isso, cadeiras, bancos, qualquer objeto horizontal para as pessoas descansarem. Veja bem, isso é muito sério, os prédios de Brasília, excetuando, obviamente, as salas das comissões, reuniões, plenários e os gabinetes, não possuem cadeiras! Passei exaustos (positivamente) cinco dias andando pra lá e pra cá, realizando visitas, circulando pela Praça dos Três Poderes, assistindo palestras e sessões, - e em nenhum momento, entre uma coisa e outra, encontrei uma mísera cadeira, num corredor qualquer, para simplesmente sentar e esperar (o ônibus do estágio, a próxima palestra, a hora do almoço). Se eu não fosse tão otimista, pensaria que alguém por lá não deseja que eu, você, “o povo”, passe mais do que o tempo "devidamente necessário" nas casas do Poder Público. Talvez uma singela cadeira nos desse forças o suficiente para continuarmos, digamos, importunando as atividades regulares da Administração, Poder Judiciário ou Poder Legislativo. Mas o que é isso? Como posso me apegar a um detalhezinho desses e chegar a conclusões tão maldosas... Às vezes eu sou triste.

Observei, ainda, que Brasília respira muita riqueza. Não que eu não desconfiasse, mas, poxa, é dinheiro a lot. O custo de vida é tão alto, que – de uma vez por todas - eu passei a entender porque se ganha tão bem por lá, em comparação ao restante do país (mas uma coisa não justifica a outra, se é que vocês me entendem). Um fato engraçado, só para exemplificar, ocorreu no domingo assim que cheguei. Fomos comer pizza num lugar chamado Pontão, um point cultural e gastronômico de Brasília. De pronto, peguei o cardápio e chequei o preço das pizzas: R$ 25,00. Nada Mal!!! Oito fatias, podemos dividir, pedir umas três, escolhe-se o sabor; enfim, procedimentos corriqueiros. Mas o garçom não se conteve, deu uma risadinha marota e se intrometeu de uma vez: “Jovens, a pizza é individual, desse tamanho aqui”. E vocês devem saber qual é o tamanho da pizza “brotinho”.

Por fim (e isso definitivamente é assunto para uma nova postagem), ficou ainda a impressão nada positiva dos nossos velhos (e quase vitalícios) senadores e deputados Federais. Confesso que sou chata, me surpreendi um tanto aqui, um tanto acolá, mas continuo achando que boa parte desses guerreiros não sabem lutar tão bem. Por nós. Ressalto apenas uma questão interessante que ouvi numa palestra. De fato, eu não confio nos nossos senadores e deputados (que droga! Ajudei a elegê-los); mas acredito no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. Explico em outra oportunidade.

Antes que isso aqui vire o diário de uma viajante, e antes que eu acabe com a imagem positiva que alguém possa ter da cidade, preciso revelar o que, de fato, me impressionou. É um motivo tão banal que talvez meu caro leitor se chateie. Mas aí eu só lamento (sem ofensas, é só uma piada interna para os meus colegas de classe hehehe).

Perdoem-me, antes de tudo, a mudança de paradigma. Utilizo-me, inclusive, de um trecho do pequeno texto que o Bruno postou abaixo:

“Oh, só essa minha velha mania de acreditar na mudança que não muda”.

Essa é a razão! É em Brasília que as mudanças acontecem (ou deveriam acontecer). Brasília respira história e conquistas (prevista desde a Constituição de 1891!). Não há como descrever a experiência de conhecer bem de pertinho os plenários da Câmara e do Senado (instituições basilares da Democracia); a emoção de acompanhar uma sessão do STF (Tribunal guardião da Constituição Federal da República); as visitas aos museus (uôu, JK!) e atrações culturais, a rica história da arquitetura da cidade, a Esplanada dos Ministérios e o Palácio da Alvorada.

O que me deslumbra em Brasília é justamente o que ela tem de mais incomum. Por ser a Capital, por ser tão rica (e aqui eu me refiro à história), por ser cuidadosa e amorosamente planejada (apesar da seriedade que isso transmite), pela saudável e eficiente política que poderia/poderá ter um dia (eu acredito), pela Diplomacia e por tudo que ela representa à República Federativa do Brasil - eis o encanto que me contagiou.

Tenho tanta coisa ainda a dizer (e ainda passei mais tempo criticando que elogiando,preciso melhorar isso), mas sei que uma boa leitura é aquela sucinta e objetiva (o que eu não consegui ser), razão pela qual escreverei outros textos mais específicos, em outras oportunidades.

Talvez eu tenha sido odiosamente paradoxal. Mas assim é Brasília pra mim – um paradoxo em forma de avião.

Amanda Gabriela

Os velhinhos


O melhor da vida são as pequenas lições.

Outro dia, à tarde, resolvi comprar um doce num quiosquezinho perto lá de casa. Caminhava apressada e distraída, decidindo mentalmente entre uma tortelete ou brigadeirão. Decidi pela tortelete – não uma, mas três delas (e no capricho).

Só que antes de chegar ao meu destino, percebi um casal de velhinhos – muito velhinhos – que saía do hospital. A cena era realmente de chamar a atenção: os dois cainhavam lentamente, apoiados um no outro - cheios de confiança - e olhavam para todas as direções. Cada passo que davam parecia resultado de um sacrifício enorme e, de repente, tive a impressão de que eles precisavam de um minuto inteiro para avançar apenas meio metro.

Ao passar por eles deixei escapar um tímido “Boa tarde” e continuei seguindo; foi quando a velhinha segurou o meu braço gentilmente e disse: “Minha jovem, você poderia nos dar uma informação?”. No momento seguinte me vi caminhando l e n t a m e n t e ao lado deles, a procura de “um lugarzinho baratinho para almoçar”. Durante o percurso, contaram que são de Maragogi e que precisam vir a Maceió de tempos em tempos para fazer novos exames. Nós três conversávamos animadamente, até a hora em que perguntei se eles tinham filhos. Eu e minhas garfes. “Sim, nós temos, mas eles são muito ocupados, já são casados e não podem nos acompanhar”. Fiquei sem saber como reagir vendo aqueles rostos – tão marcados pelo tempo, tão cúmplices um do outro – com os olhinhos cheios de lágrimas.

Voltei pra casa muito mais distraída. Esqueci completamente a tão desejada tortelete e, pra completar, quase caí num buraco (então me dei conta de que ainda estava andando muito devagar).

Esse episódio me fez recordar uma visita ao Asilo, muitos anos atrás, junto com a turma do colégio. Lembro-me de que eu e minhas amigas ficamos impressionadas com o descaso das famílias, a falta de higiene e, principalmente, com a solidão tão perceptível nas expressões, nos olhares, nos abraços, nas conversas. Lá nós conhecemos uma senhora que chorava muito porque queria comer bolo. Ela sonhava com bolo, cantava a canção do bolo, pedia que lhes dessem bolo, mas nada adiantava. Então nós prometemos voltar na semana seguinte com o seu bolo preferido. Nunca vi tanta felicidade. Acontece que nós nunca voltamos (“Essa semana eu não posso.”, “Semana que vem ela não pode.”, “Vamos deixar pra mês que vem?”, “Lembra ano passado? Nós ainda não levamos o bolo!”). Eu fico imaginando quantas promessas iguais àquela ela já não recebeu.

E a minha pergunta é simples: num país como o Brasil, que valoriza tanto a juventude, a beleza e a virilidade, onde ficam os nossos velhinhos? Por que é tão fácil abandoná-los? Por que tanta impaciência, falta de tempo, de assistência, de cuidado e de gratidão? Eles que um dia também foram jovens e vivenciaram ricos costumes; eles que lutaram por seus objetivos e sonharam com um país melhor; eles que dedicaram boa parte de suas vidas aos filhos, transmitiram-lhes princípios e valores, trabalharam para sustentá-los, para fazê-los crescer e vencer. Eles envelheceram, sim; muitos ficaram doentes e outros perderam a memória. No entanto, continuam sendo os mesmos pais, irmãos, tios e avós; repletos de carinho e amor para dar ( receber). Eles são como antigos baús, recheados de sentimentos, experiências e sábias histórias.

Eles vivem.


Texto retirado do meu antigo blog..


Amanda Gabriela G. de Lima

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Rapidinha


Seja cidadão... somente a cada dois anos.


Mais um pleito eleitoral se aproxima. Velhas caras, velhos hábitos, velhos costumes. Oh, só essa minha velha mania de acreditar na mudança que não muda.


Bruno Maia

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Direito

O Direito é segundo o Aurélio, ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens em sociedade.

É a partir desta definição simplória que podemos perceber a dimensão do objeto de estudo da Ciência a qual me dedico, DISCIPLINA AS RELAÇÕES DOS HOMENS EM SOCIEDADE, o Direito, por exemplo, disciplina desde o simples ato de sair a rua até as questões mais relevantes, como a gestão das verbas públicas.

Podemos dizer que pra onde nos virarmos, somente veremos o Direito, e não poderia ser diferente, porque só temos sociedade se colocarmos o mínimo de ordem, sendo esta é a principal função dessa Ciência.

A quem se dedicar alguns minutos a leitura de nossa Constituição Federal, ficará embasbacado com tamanha precisão da proteção dos Direitos Humanos e do Cidadão, como a Constituição, existem inúmeras outras leis no Brasil que regem e protegem a justiça nas relações sociais.

Se encontramos o Direito até no ar em que respiramos, porque milhares de pessoas insatisfeitas com a falta do Direito no Brasil, com a falta de leis justas e capazes de conter a ferocidade do homem?

Na minha humilde opinião não podemos contar com o Direito no Brasil, não porque não temos leis suficientes e as que temos são mal elaboradas, muito pelo contrário, temos uma enorme quantidade de leis e que são bem elaboradas, o que nos falta são pessoas suficientemente capazes, tanto intelectualmente, quanto eticamente, para aplicar o aparato jurídico.

Não me preocupo com o desenvolvimento intelectual dos brasileiros que serão operadores do Direito, porque isso as nossas universidades cuidam e temos excelentes profissionais que ao publicarem suas obras nos deixam com a sensação de que o Direito está sendo estudantes por mentes brilhantes, o que me preocupa é a formação ética dessas pessoas, porque até hoje, salvo heroicas exceções, temos decepções, para não dizer vergonhas, daqueles que deveriam ser exemplo de homens que sabem prezar pela sociedade.

Para termos nossas relações sociais efetivamente disciplinada pelo Direito precisamos ter crianças que aprendem na escola que sobrepor o coleguinha para atingir seu objetivo é reprovável e sujeito a punição, precisamos de jovens que aprendam a respeitar seus pais e seus pares, só assim teremos juízes, promotores, prefeitos e presidentes capazes de através do Direito regular a sociedade e promover a justiça.

Dayse Amorim

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O prazer de ser humano

Vi um filme (O substituto) que me levou a inúmeros questionamentos, se tratava de uma nova geração de seres humanos que com medo da violência e do sofrimento ocasionado pelos males que porventura atingem o ser humano exposto, se escondiam em seus lares manipulando máquinas que se adaptavam ao desejo do seu operador.
O primeiro questionamento diz respeito a porque somos tão atraídos pela ficção mais ilusória, a exemplo de bruxos, vampiros e modelos famosos que pululam o horário nobre da TV e lotam as salas de cinema e, sobretudo, que inebriam a mente humana de forma fascinante. Sou da opinião que o ser humano é atraído pela ficção porque a realidade não é capaz de acompanhar o nível que o cérebro atinge, o nosso pensamento ultrapassa o limitado espaço do real e adora se ligar ao imaginário e ao ilusório por mais improvável que ele seja.
É ao falar sobre a realidade que surge o segundo questionamento, no filme as pessoas poderiam ser quem desejassem, podendo mudar a cor da pele, as fisionomias, a idade e, inclusive o sexo, adaptando a realidade aos seus desejos. Questiono-me porque somos tão insatisfeitos com o que somos e buscamos freneticamente a modificação daquela realidade que não é o nosso desejo, quando, na verdade, o mais racional seria analisar o que realmente precisa ser mudado e o que é apenas fruto do inacabável desejo humano, seria mais fácil se nos limitássemos a mudar o que fosse necessário e nos adaptarmos as demais circunstâncias da vida, por exemplo, a velhice traz consigo o medo de ser velho fazemos o possível e o impossível para não sermos velhos e quando somos, alguns de nós possuem dificuldades para admitir que a velhice chegou, na busca pela eliminação da velhice esquecemos que ela também é uma fase da vida que traz seus sabores e experiências, próprias de quem já viveu muito.
O terceiro e último questionamento diz respeito até onde se faz necessário que os seres humanos abdiquem de viver em sociedade, até onde vale a pena se isolar com o objetivo de se manter seguro. Eu prefiro, se pudesse escolher como os personagens do filme, o eterno risco de sofrer com a violência, de estar exposta as doenças e de viver menos, em troca do simples trazer de poder conviver e aprender com as pessoas que me cercam, porque é na vida em comunidade que se pode experimentar o mais nobre dos sentimentos, que se sobrepõe a qualquer segurança e longevidade: O AMOR, pois o prazer de ser humano está em amar.
Mesmo que falássemos todas as línguas dos homens e dos anjos, mesmo que soubéssemos todos os segredos e mistérios desse mundo e tivéssemos uma fé capaz de transportar todas as montanhas, e nos faltasse o amor, não teríamos valor algum.

Dayse Amorim

Senzalas Modernas I: Prisão

[...] "mas presos, são quase todos pretos. Ou quase brancos quase pretos de tão pobres. E pobres, são como podres. E todos sabem como se tratam os pretos." Haiti, Gilberto Gil


A fria disposição estatística dos números dispostos em pesquisas acerca de nossa população carcerária contorna a feição, ou melhor, a cor e a classe social de nossos detentos.
Parcela esmagadora é composta por negros e pardos (cerca de 49%* da população carcerária), caracterizado também por seu estamento (quase uma totalidade são pobres analfabetos). Esse é o retrato marcante de nossa população enclausurada: um apilhado de homens, que na práxis carcerária desmistifica qualquer lei da física – sim, Dr! Quem disse que aqui dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço? Ocupam 17 o lugar de 2. Todos à cela da própria sorte.
Na oportunidade em que visitei algumas delegacias do estado, ou que mantive contato com o mesmo detido por mais de uma vez, num intervalo de tempo qualquer, vi a transformação individual da pessoa humana ser ditada pelo ambiente na qual está inserida. É o próprio Cortiço o personagem principal que dita as regras, não o de Azevedo, mas o do Estado. Não o de João Romão, mas o meu e o seu. Afinal, quem paga a conta? Veja-se aquela conta não simplesmente sob a monta financeira, mas também em seu imensurável deságio social.
As semelhanças entre a cadeia atual e as senzalas do Brasil Império são inegáveis. O clientelismo para com os negros pobres é o primeiro ponto, basta ver os índices. E não adianta levantar a bandeira esquizofrênica de que os gens da população negra está mais propensa a esse comportamento, como fez um professor geneticista baiano. A seletividade é racial!
Temos nossos Capitães do Mato. Sob a atenção vigilante do chefe de serviço – uma caricatura atual do personagem mais temido pelos negros escravos – estão os detidos, ou melhor: negros e pobres. Aos que desrespeitam as leis da massa, como acontecia “antigamente” à política escravagista, uma sutil conversa pedagógica do responsável disciplinar ao pé do ouvido – no nosso maior eufemismo hipócrita.
Gritaram: Abolição! Quem escutou?!
Por fim, pare e veja uma abordagem policial. Ainda nega que (como cantou Yuca) todo camburão tem um pouco de navio negreiro.

* Dados contidos no relatório anual, 2009, da população carcerária nacional do Ministério da Justiça.


Bruno Maia

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Família


Muitos dizem que sou apegada demais à família. De fato sou: minha mãe é meu porto seguro; meu pai – embora com suas infinitas opiniões divergentes das minhas – não mede esforços para cuidar de mim (o constante exagero que apoquenta); meus irmãos estão sempre por perto contando suas histórias, gritando besteiras ao meu ouvido e enchendo o saco.
A minha família é comum, unida e, posso afirmar sem medo, feliz. Mas o que muitos não sabem é que isso não faz de mim dependente deles – em todos os sentidos e eternamente. O que anos atrás eu via como algo impossível, hoje é quase que uma meta: concretizar meus sonhos - e talvez muito longe deles . Acabei me convencendo (com um grande auxílio, confesso) de que tomar minhas próprias decisões sem tanta influência, ganhar o meu espaço em outros ares e decidir se quero ou devo voltar novamente para perto do meu ninho, talvez não seja apenas algo desejável e ilusório, mas completamente necessário.
Entretanto, outra coisa é certa: de modo algum farei isso para me encontrar. Eu sei bem quem sou, como sou e onde estou, independente do local da minha morada. Li um livro recentemente chamado “O dia do Curinga”, de Jostein Gaarder. Conta a história de pai e filho que cruzam a Europa a procura da esposa (e também mãe) que os abandou oito anos atrás porque precisava se encontrar. O menino de doze ou treze anos, narrador da história, com a sua tenra visão da vida, opina e aconselha o leitor que eventualmente se encontre nessa mesma situação a agir diferente. Ele diz algo parecido: “Eu até posso entender mamãe um dia, mas não consigo compreender agora porque ela precisou ir tão longe pra poder se encontrar. Se um dia você estiver perdido e precisar se encontrar, eu aconselho que –antes de tudo – permaneça exatamente onde está”.
De fato, eu não quero me encontrar, quero concretizar as inúmeras oportunidades que a vida – eu sei – irá me proporcionar. É diferente. Assim pretendo ir longe, ou pertinho, tanto faz. Estudar muito, viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes, crescer na minha área, viver um tempo longe, tudo isso faz parte da meta. É simples e fácil (talvez nem uma coisa nem outra, mas possível). Sem nunca, jamais, esquecer o quanto a família é importante e essencial na minha vida. Sem nunca deixar de amar e acreditar no lugar em que eu nasci, Maceió. A vida vai me mostrar o caminho e eu vou fazer a minha parte.
Mas, independente de tudo, continuo sabendo exatamente quem sou, como sou e onde estou. E apesar de não saber ainda para aonde vou, é certo que o caminho será, no mínimo, divertido.
Amanda Gabriela

domingo, 8 de novembro de 2009

Um bom começo

Futuros leitores,

Nesse espaço não há restrições de tema. Aqui se fala de amor, Direito, filosofia, política, religião, filmes, livros e acontecimentos do cotidiano. Escreve-se em prosa ou verso, sátira ou humor. Nada nos foge, tudo é razão de questionamentos e constatações. Abraçaremos a miudeza e os detalhes, onde quer que eles se encontrem. Vem com a gente!?

Amanda Gabriela