terça-feira, 10 de novembro de 2009

O prazer de ser humano

Vi um filme (O substituto) que me levou a inúmeros questionamentos, se tratava de uma nova geração de seres humanos que com medo da violência e do sofrimento ocasionado pelos males que porventura atingem o ser humano exposto, se escondiam em seus lares manipulando máquinas que se adaptavam ao desejo do seu operador.
O primeiro questionamento diz respeito a porque somos tão atraídos pela ficção mais ilusória, a exemplo de bruxos, vampiros e modelos famosos que pululam o horário nobre da TV e lotam as salas de cinema e, sobretudo, que inebriam a mente humana de forma fascinante. Sou da opinião que o ser humano é atraído pela ficção porque a realidade não é capaz de acompanhar o nível que o cérebro atinge, o nosso pensamento ultrapassa o limitado espaço do real e adora se ligar ao imaginário e ao ilusório por mais improvável que ele seja.
É ao falar sobre a realidade que surge o segundo questionamento, no filme as pessoas poderiam ser quem desejassem, podendo mudar a cor da pele, as fisionomias, a idade e, inclusive o sexo, adaptando a realidade aos seus desejos. Questiono-me porque somos tão insatisfeitos com o que somos e buscamos freneticamente a modificação daquela realidade que não é o nosso desejo, quando, na verdade, o mais racional seria analisar o que realmente precisa ser mudado e o que é apenas fruto do inacabável desejo humano, seria mais fácil se nos limitássemos a mudar o que fosse necessário e nos adaptarmos as demais circunstâncias da vida, por exemplo, a velhice traz consigo o medo de ser velho fazemos o possível e o impossível para não sermos velhos e quando somos, alguns de nós possuem dificuldades para admitir que a velhice chegou, na busca pela eliminação da velhice esquecemos que ela também é uma fase da vida que traz seus sabores e experiências, próprias de quem já viveu muito.
O terceiro e último questionamento diz respeito até onde se faz necessário que os seres humanos abdiquem de viver em sociedade, até onde vale a pena se isolar com o objetivo de se manter seguro. Eu prefiro, se pudesse escolher como os personagens do filme, o eterno risco de sofrer com a violência, de estar exposta as doenças e de viver menos, em troca do simples trazer de poder conviver e aprender com as pessoas que me cercam, porque é na vida em comunidade que se pode experimentar o mais nobre dos sentimentos, que se sobrepõe a qualquer segurança e longevidade: O AMOR, pois o prazer de ser humano está em amar.
Mesmo que falássemos todas as línguas dos homens e dos anjos, mesmo que soubéssemos todos os segredos e mistérios desse mundo e tivéssemos uma fé capaz de transportar todas as montanhas, e nos faltasse o amor, não teríamos valor algum.

Dayse Amorim

Um comentário:

  1. Daysinha, interessantes e relevantes os questionamentos. Parabéns pelo texto! Pode apostar que eu também prefiro correr todos os riscos.

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