segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Família


Muitos dizem que sou apegada demais à família. De fato sou: minha mãe é meu porto seguro; meu pai – embora com suas infinitas opiniões divergentes das minhas – não mede esforços para cuidar de mim (o constante exagero que apoquenta); meus irmãos estão sempre por perto contando suas histórias, gritando besteiras ao meu ouvido e enchendo o saco.
A minha família é comum, unida e, posso afirmar sem medo, feliz. Mas o que muitos não sabem é que isso não faz de mim dependente deles – em todos os sentidos e eternamente. O que anos atrás eu via como algo impossível, hoje é quase que uma meta: concretizar meus sonhos - e talvez muito longe deles . Acabei me convencendo (com um grande auxílio, confesso) de que tomar minhas próprias decisões sem tanta influência, ganhar o meu espaço em outros ares e decidir se quero ou devo voltar novamente para perto do meu ninho, talvez não seja apenas algo desejável e ilusório, mas completamente necessário.
Entretanto, outra coisa é certa: de modo algum farei isso para me encontrar. Eu sei bem quem sou, como sou e onde estou, independente do local da minha morada. Li um livro recentemente chamado “O dia do Curinga”, de Jostein Gaarder. Conta a história de pai e filho que cruzam a Europa a procura da esposa (e também mãe) que os abandou oito anos atrás porque precisava se encontrar. O menino de doze ou treze anos, narrador da história, com a sua tenra visão da vida, opina e aconselha o leitor que eventualmente se encontre nessa mesma situação a agir diferente. Ele diz algo parecido: “Eu até posso entender mamãe um dia, mas não consigo compreender agora porque ela precisou ir tão longe pra poder se encontrar. Se um dia você estiver perdido e precisar se encontrar, eu aconselho que –antes de tudo – permaneça exatamente onde está”.
De fato, eu não quero me encontrar, quero concretizar as inúmeras oportunidades que a vida – eu sei – irá me proporcionar. É diferente. Assim pretendo ir longe, ou pertinho, tanto faz. Estudar muito, viajar, conhecer pessoas e culturas diferentes, crescer na minha área, viver um tempo longe, tudo isso faz parte da meta. É simples e fácil (talvez nem uma coisa nem outra, mas possível). Sem nunca, jamais, esquecer o quanto a família é importante e essencial na minha vida. Sem nunca deixar de amar e acreditar no lugar em que eu nasci, Maceió. A vida vai me mostrar o caminho e eu vou fazer a minha parte.
Mas, independente de tudo, continuo sabendo exatamente quem sou, como sou e onde estou. E apesar de não saber ainda para aonde vou, é certo que o caminho será, no mínimo, divertido.
Amanda Gabriela

Um comentário:

  1. O bom é saber quem a gente é e não saber quem seremos daqui por diante. O bom, talvez, são essas nossas pequenas certezas que, tão rápido chegam e, por vezes, com a mesma brevidade vão embora..não são assim, as coisas? vãs?? :P De qualquer forma, como diria Walter Franco: quem puxa aos seus não degenera :) AmIGAA..aqui ou em Minas, na Grécia ou em Madagascar, vc é o meu orgulhooooo!!

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